No cenário brasileiro atual, empresas com sócios estrangeiros tornam-se cada vez mais comuns, especialmente diante da força do investimento internacional. Segundo o Censo de Capitais Estrangeiros do Banco Central, só em 2024, os Estados Unidos responderam por 28% dos investimentos estrangeiros no país, perfazendo um montante de US$ 244,7 bilhões. Nesse contexto de globalização, cuidar da gestão tributária dessas empresas exige atenção redobrada e estratégias sob medida.
Cuidar do planejamento tributário significa ter clareza sobre tributos e obrigações.
Na Conte, vivenciamos no dia a dia como a presença de sócios estrangeiros pode trazer vantagens e desafios. Compartilharemos aqui o que aprendemos ao longo dos anos ao elaborar planejamentos tributários personalizados, considerando não só a legislação nacional, mas também convenções internacionais.
Compreendendo o impacto do capital estrangeiro
O investimento estrangeiro direto no Brasil atingiu US$ 1,141 trilhão em 2024, representando 46,6% do PIB, segundo dados recentes. Esse volume ilustra que o país está cada vez mais integrado aos interesses globais, especialmente em setores como tecnologia, finanças e bens de consumo. Mas junto dos aportes, surgem questões tributárias complexas.
Com a entrada de sócios do exterior, observamos preocupações frequentes sobre:
- Bitributação: Quando os ganhos podem ser tributados tanto no Brasil quanto no país de origem do sócio.
- Distribuição de lucros: Diferenças de tributação sobre dividendos e remessas.
- Compliance fiscal: Exigências específicas na Receita Federal e no Banco Central.
- Obrigações acessórias: Declarações detalhadas, como o Censo de Capitais Estrangeiros.
Cada uma dessas questões exige atenção a detalhes e, principalmente, alinhamento com os objetivos do negócio.
Quais modelos societários aceitar sócios estrangeiros?
Em nossa experiência, o Brasil permite que sócios estrangeiros participem da maioria dos tipos societários. Entre eles, os mais comuns são:
- Sociedade Limitada (LTDA)
- Sociedade Anônima (S.A.)
- Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada (EIRELI) – já substituídas, mas com alguns casos ainda ativos
Para que o sócio estrangeiro seja formalizado na empresa, é necessário seguir etapas específicas, como apresentação de documentos traduzidos e registros junto à Receita Federal com Cadastro de Pessoa Física Estrangeira de Investidor (CPF ou CNPJ para investidor pessoa jurídica).
Como funciona o planejamento tributário para empresas com sócios estrangeiros?
Planejar tributos para sócios estrangeiros envolve a combinação de análise técnica e visão estratégica do negócio. Nosso foco recai sobre três pilares:
- Estruturação societária: Definição do tipo de empresa mais indicado e do percentual de participação do sócio estrangeiro.
- Avaliação das obrigações fiscais brasileiras: Principalmente relacionadas a IRPJ, CSLL, PIS, COFINS e obrigações acessórias.
- Revisão de tratados internacionais: Verificação de acordos que evitem bitributação, reduzindo custos e riscos.
Frequentemente, sugerimos ampliar a análise e incluir simulações de cenários, considerando:
- Origem do capital estrangeiro
- Destino dos lucros (reinvestimento vs. remessa)
- Tributação dos dividendos no Brasil e no exterior

Essas simulações ajudam na tomada de decisão e na escolha do melhor regime tributário para a empresa.
Quais pontos podem influenciar o planejamento tributário?
Identificamos que as seguintes variáveis impactam diretamente o planejamento:
- Natureza do serviço ou produto: Atividades exportadoras podem ser isentas de determinados impostos ou ter isenção de IOF/Remessas.
- Mudanças recentes na tributação de serviços para o exterior: Legislação que altera alíquotas e obrigações ao prestar serviços para o exterior.
- Regime tributário: Simples Nacional raramente admite sócio estrangeiro; Lucro Presumido e Lucro Real permitem com limitações e obrigações adicionais.
- Tratados internacionais: Exemplo, tratados entre Brasil e Luxemburgo ou EUA, que regulam a bitributação.
Vale ressaltar que, de acordo com estudos recentes sobre desigualdade tributária no Brasil, milionários em dólar ainda conseguem pagar menos imposto efetivo do que a média da população (20,6% vs 42,5% de alíquota).
Como escolher o melhor regime tributário?
Quando estruturamos o planejamento de empresas com sócios estrangeiros na Conte, olhamos além das regras automáticas.
A escolha do regime afeta diretamente a competitividade global da empresa.
No geral:
- Simples Nacional só aceita sócios com visto permanente, o que restringe seu uso.
- Lucro Presumido: costuma ser mais vantajoso para empresas de serviços com margens não muito altas.
- Lucro Real: obrigatório para companhias com faturamento ou operações complexas, oportunizando o uso de créditos tributários.
Nesse momento, nossa análise passa por ferramentas de simulação tributária, levando em consideração a possibilidade de remessa de lucros ao exterior, cálculo de IRRF, incidência de CIDE (quando aplicável) e eventuais créditos recuperáveis em países com tratados.
Como a remessa de lucros é tributada?
Ao enviar lucros para os sócios estrangeiros, há incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), cujas alíquotas podem variar conforme o país do beneficiário e a existência de acordos para evitar bitributação.
Existem exceções: para os lucros apurados e pagos após 1996, regra geral indica isenção do IRRF, mas há exceções para juros sobre capital próprio, royalties e outros rendimentos, que seguem as alíquotas específicas.
Por isso, recomendamos que na fase de planejamento a empresa:
- Revise os acordos para evitar bitributação entre Brasil e o país do sócio;
- Comprove a regularidade da contabilidade para remeter lucros sem interpretações divergentes;
- Documente adequadamente cada operação através dos registros fiscais e cambiais;
Quais obrigações fiscais são obrigatórias para empresas com sócios estrangeiros?
Empresas com participação estrangeira devem cumprir obrigações fiscais e acessórias adicionais. Destacamos três principais:
- Registro e atualização anual do investimento junto ao Banco Central, via SCE-IED;
- Entrega do Censo de Capitais Estrangeiros;
- Relatórios periódicos sobre alterações societárias envolvendo sócios internacionais;
Nossas soluções na Conte automatizam lembretes e acompanhamento desses processos, reduzindo o risco de multas.
Cuidados ao elaborar o planejamento tributário com sócio estrangeiro
Um planejamento eficiente parte do pressuposto de integração entre expectativas do investidor e a legislação nacional. Com base em artigos recentes sobre planejamento fiscal e experiências práticas de clientes, trazemos recomendações:
- Valide sempre as traduções e registros dos documentos dos sócios estrangeiros.
- Tenha acompanhamento contábil próximo, o que evita problemas de compliance que podem atrasar remessas de lucros ou cisão societária.
- Reveja periodicamente as mudanças na legislação, já que a tributação de estrangeiros varia com frequência.
- Simule diferentes cenários tributários, analisando sempre o impacto no resultado líquido.
Conte com a experiência e tecnologia ao seu favor
Na Conte, reunimos tecnologia e atendimento humano próximo para atender empresas de todos os portes que possuem sócios estrangeiros. Nossos clientes contam com acompanhamento de um contador pessoal dedicado e um time pronto para responder com agilidade dúvidas sobre envio de documentos, alterações societárias e obrigações fiscais.

Entendemos que o segredo está no atendimento personalizado e na busca constante por informações atualizadas, afinal a legislação muda rapidamente. Por isso, sempre sugerimos a leitura de conteúdos atualizados, como o planejamento tributário para techs em 2025 ou os novos desafios na gestão financeira de PJs que atuam com o exterior.
Se você quer trazer um sócio estrangeiro para o seu empreendimento brasileiro ou está em dúvida sobre as melhores práticas fiscais, nos procure e descubra como podemos ajudar a construir um planejamento seguro, flexível e alinhado com os seus objetivos globais.
Conclusão
Conhecer os detalhes do planejamento tributário para empresas com sócios estrangeiros é um passo decisivo para o sucesso e a conformidade desses negócios no Brasil. Com a globalização e o constante fluxo de recursos internacionais, a busca por soluções inteligentes, como as que aplicamos na Conte, faz toda diferença na geração de valor e na redução de riscos tributários. Converse conosco e descubra como unimos atendimento humano, estratégia e tecnologia para cuidar do seu negócio internacional desde a estruturação à rotina fiscal do dia a dia.
Perguntas frequentes
O que é planejamento tributário internacional?
Planejamento tributário internacional é o processo de organizar operações de empresas com atividades ou sócios em mais de um país, buscando reduzir custos com impostos e evitar riscos fiscais. Envolve avaliar legislações de diferentes países, tratados contra bitributação e as melhores formas de remessas de lucros ao exterior.
Como abrir empresa com sócio estrangeiro?
Para abrir uma empresa com sócio estrangeiro, é preciso registrar os documentos do investidor, devidamente traduzidos e apostilados, validar sua entrada no Brasil (caso de pessoa física) e cadastrar o investidor junto à Receita Federal. Após isso, segue-se o trâmite normal de constituição da sociedade e registro no Banco Central quando houver investimento direto externo.
Vale a pena ter sócio estrangeiro no Brasil?
Para muitos negócios, ter sócio estrangeiro pode trazer capital, conhecimento e contatos internacionais. Porém, é preciso avaliar bem os custos fiscais, a burocracia envolvida e as limitações legais, inclusive no regime tributário escolhido. Em muitos casos, com planejamento e suporte especializado, o resultado é positivo.
Quais impostos empresas com sócios estrangeiros pagam?
Empresas com sócios estrangeiros pagam os mesmos tributos federais, estaduais e municipais do que empresas nacionais: IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, ISS, ICMS e outros, conforme a atividade. Além disso, podem incidir Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e IOF sobre remessas ao exterior, dependendo do tipo de distribuição e do país do beneficiário.
Como evitar bitributação com sócio estrangeiro?
Evitar bitributação depende, principalmente, da existência de acordos internacionais para evitar a dupla tributação entre o Brasil e o país do investidor. Com esses acordos, parte dos impostos pagos podem ser compensados, reduzindo a carga fiscal total. A análise de cada caso deve levar em conta a legislação local e internacional, com suporte de profissionais experientes.
